LAGO DA PRAIA

(terça 6/9) 

De manhã fomos contatar a cacique Ligiane na escola. Logo na entrada, um cartaz com dizeres de Paulo Freire.

A escola é muito bem organizada e o gerador da comunidade funciona apenas ao longo de 3 horas por dia e é movido a diesel. Algumas casas porém, têm placas solares e acesso á internet que é compartilhado desde que haja um pequeno rateio dos custos para subsidiar o pacote de dados.  Filmamos e entrevistamos Dona Zenilda (mãe de Ligiane). Depois o Navarro (2) fez uma palestra na escola São Francisco e ficou admirado com o conhecimento do nheengatu das crianças, que cantaram para ele na língua geral. Duas canções falavam abertamente da ameaça da mineração e da necessidade de articulação dos povos do Território Cobra Grande para garantir sua permanência na região e a proteção da floresta. Após a atividade na escola, teve início o ensaio da banda de sopros e percussão para o dia 7 de setembro 2022, 200º aniversário da independência brasileira. Anna Claudia visitou detalhadamente a escola, e nos conta que há muitos instrumentos, inclusive violões e violinos que estão guardados à espera de algum professor de música. Também a biblioteca, bastante organizada, teve parceria com o projeto “Expedição Vagalume”, mas a diretora da escola solicita ajuda. Há alguns anos não recebem mais apoio com livros e muito menos, atividades de ensino de música.  Ao pôr do sol Ligiane coordenou o ritual Jaraquí com benção do deus Tupã, com bebida do “chibé“, e reza para proteger os ocupantes do Gaia. Em seguida organizamos a apresentação musical na oca circular com a Anna Claudia Agazzi (3) tocando piano. Aplausos e gritos de brava organizados por Elís e Pimenta. À tarde as crianças tinham tido a experiência de experimentar o piano durante o ensaio e por isso, estavam bem atentas. Depois fomos ao bosque para fazer projetar o filme a céu aberto: Narradores de Javé. As numerosas crianças riem e se divertem muito. Os adultos também. Voltamos ao Gaia. Bebemos muito suco de taperebá pelo calor do dia e chegamos à ponta da praia. A ponta do Toronó, onde segundo a lenda mora para sempre o pajé Merandolino, estava ainda coberta pelas águas muito altas para essa época do ano: então não pudemos alcançá-la. Estava trovejando, mas não choveu.