SÃO MIGUEL – AKAYÚ WASÚ

Distância em barco de um município: 5 horas de barco de Santarém
Representante: Risomar Rogério Castro dos Santos

(quinta 8/9) Fomos cedo para Caracaraí, a praia encantada na Ponta Grande, e depois fomos à aldeia indígena da comunidade de  São Miguel, denominada Akayú Wasú. Fomos de lancha para conferir os detalhes da programação e fomos recebidos por todo o vilarejo em festa. Estavam todos preparados para conhecer Navarro e receber o projeto de cinema e música. A comunidade recebeu Navarro, muito conhecido por todos, com cantigas em nheengatu. Navarro fez uma palestra de manhã contando as origens do nheengatu e os motivos de seu declínio na região desde os tempos da chegada dos primeiros europeus, passando pela Cabanagem e pelo Ciclo da Borracha que trouxe tantos nordestinos para a região. O contexto histórico foi muito importante, pois reforçou a certeza da importância do resgate de sua origem e cultura. O início da palestra foi interrompido pois percebemos que havia um certo desconforto. Na verdade, o cacique nos pediu que antes de mais nada cada um de nós nos apresentássemos. Afinal, não nos conheciam e precisavam que a comunidade soubesse o propósito de nossa visita. Então, por meio de um refrão cantado de “só quem gosta de farinha é quem sabe peneirar” passavam a peneire de um a um, de forma que cada um que recebia contava aos demais seu nome, o que fazia e de onde vinha,  A aldeia preparou bolinhos de mandioca “crueira”, farofa doce de castanha de caju, peixes jaraki e tarubá assados, cará-roxo e suco de mandioca e de cajú. No barracão, haviam pinturas de padrões gráficos indígenas que serviam como referência para as pinturas corporais. O jovem Rômulo, filho do cacique Rogério foi um dos que muito cuidadosamente pintou braços e mãos de alguns de nós com grafismos Arapyuns.  A escola indígena é uma iniciativa da comunidade e foi construída por eles e Akayú Wasú (que quer dizer: Caju Grande) é um bairro da vila de São Miguel. Segundo relato de algumas mulheres, os ‘não indígenas”da vila tratavam com hostilidade aqueles que se identificavam como indígenas. Então, o grupo de familiares iniciaram a escola, hoje com participação da Prof. Silvânia. Hoje a escola atende a 53 alunos. Não possuem material escolar, a energia é produzida por gerador e limitada a poucas horas por dia. Apresentaram seu artesanato na sala de aula em forma de oca. Foi ali que Navarro fez então a aula, com quadro negro, explicando como são conjugados os verbos em nheengatu de forma descontraída. Uma sala de aula com pessoas de todas as idades, e acompanhada de descontração, música e bom humor.. Após a aula, Livaldo Sarmento (cantor e compositor) nos cantou algumas das suas canções. Depois os indígenas nos mostraram suas brincadeiras: corrida no saco, corrida com tronco, cabo de guerra, todos na sombra do cajueiro grande. Ao pôr do sol apresentaram a Dança do Chapéu. A noite, no barracão, demos início ao programa noturno: os palhaços fizeram a introdução e o número da Pianola. Anna Claudia começa com  “Branquinha”da Próle do Bebê de Villa-Lobos ao som de grilos noturnos, depois trechos de Beethoven ao piano. Em seguida pelo cantor local, Thiago Arapyun que cantou em Nheengatu, ao som e seu violão. Depois fizemos a projeção de Narradores de Javé. Um problema no projetor deixou tudo mais avermelhado, mas ainda assim, o público permaneceu atento até o final. Mudança de planos, conseguimos acesso, e fomos avisados: não faremos a apresentação em Vila Gorete. Voltamos para Ponta Grande e Caracaraí. Soubemos pelos comunitários naufragou um barco na baia do Guajará, de Belém para Soure (50 mortos). Dormimos, mas acordamos no meio da noite com vento forte e uma pequena chuva.

Moradores

108

Famílias

37

Portadores especiais

0

Idosos

4

Morador mais velho

Dona Josefá, 90 anos e Oswaldo Cruz, conhecido como Catiçal, 80 anos

Existem músicos?

Sim, Thiago (professor de violão)

Possui escola na comunidade

Sim. Surara Emilia. Pré ao 9º ano. 38 alunos

Economia da comunidade

Artesanato (brincos, colares e cestos de miçangas e palha), roça, pesca

Distância de municipio mais próximo

5 horas de barco de Santarém

A comunidade conhece a língua nheengatu: Sim
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